O TEMPO E O ESPAÇO EM A SRA. DALLOWAY EM BOND STREET, DE VIRGINIA WOOLF: DESAFIOS TRADUTOLÓGICOS | Autores: Sandra Regina Fonseca Moreira (UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul) |
Resumo: O ato de traduzir há muito se dissociou da ideia de mera transposição de elementos entre os idiomas fonte e alvo, e, com isso, a tarefa do tradutor tanto ganhou mais importância, quanto desafios, uma vez que a tradução transcende o universo léxico-gramatical e invade o espaço discursivo-semântico. Somando-se a essas considerações, quando o corpus de análise pertence a uma categoria de textos marcados por grande experimentalismo linguístico, como os de Virginia Woolf, as nuances de sentido resultantes das escolhas temporais, sintáticas e lexicais ampliam-se significativamente, desafiando as habilidades tradutológicas daqueles que se dispõem a vertê-los para outros idiomas. Foi, portanto, a partir dessas considerações, definido o corpus utilizado neste trabalho, o conto Mrs. Dalloway in Bond Street (A Sra. Dalloway em Bond Street), publicado em 1923, e que antecedeu ao romance Mrs. Dalloway (1925). Na experimentação nele realizada, o enredo quase inexistente, é substituído pela dilatação do tempo e espaço, contribuindo para com isso as escolhas léxico-gramaticais realizadas, o que também impacta as escolhas a serem feitas pelo tradutor que o verterá para a língua portuguesa. Assim, os estudos de Celce-Murcia e Larsen-Freeman (1999), Yule (1998), Bechara (2004) e Castilho e Elias (2012) serão utilizados para a compreensão dos tempos e aspectos verbais nas línguas inglesa e portuguesa, numa abordagem discursiva. No âmbito do discurso literário, Benveniste (1991), Maingueneau (2001) e Fiorin (2005) fundamentarão as relações entre a temporalidade verbal e a formação de sentidos, enquanto Lambert e Van Gorp (1985) e Aubert (1998) fornecerão referências para os processos de seleção e interpretação dos dados. Dessa forma, este trabalho visa tanto destacar os desafios tradutológicos presentes na obra, quanto apontar as nuances de sentido que resultam das escolhas temporais e lexicais, principalmente no texto-alvo em língua portuguesa.
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