Esta comunicação pretende explorar a abordagem situada e etnográfica dos letramentos (Street, 1994), principalmente, no que ela pode colaborar na ampliação da reflexão sobre o uso da escrita entre acadêmicos em formação em cursos de licenciaturas. Argumentamos que a socialização por meio dos textos escritos nos contextos acadêmicos pode ser reveladora das indagações sobre o papel de agências de letramentos como a escola e a universidade no acesso à tecnologia escrita, das identidades dos sujeitos e da heterogeneidade da linguagem, uma vez que neles se manifestam diferentes vozes (o já dito, o já falado, o já escrito sobre ‘escrita’), diferentes posições e diferentes forças e tendências que (no território do enunciado em que esse discurso se concretiza) negociam, dialogam, mesclam-se, colidem e se enfrentam na luta pela construção dos sentidos e pelos usos da leitura e da escrita. Escrever, nesse sentido, é influxo de tensionamentos e descontinuidades que apontam simultameamente para a unidade e a dispersão, para a estabilidade e para a mudança, para o monolinguismo e para a heteroglossia. O corpus de referência é composto por textos escritos produzidos por acadêmicos do curso de Letras e de Pedagogia da UFGD no curso de extensão “Aquisição da escrita: questões de fonologia e letramentos”. Ao explorarmos questões sobre a aquisição da escrita, ao longo do curso, procuramos trazer a tona a forma pela qual esses sujeitos produzem suas experiências de socialização com a escrita, suas inferências metapragmáticas, as ideologias e relações de poder imbricadas nessas práticas linguísticas.