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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) E O HORIZONTE SOCIAL E HISTÓRICO DOS ANOS DE 1970 UM DIÁLOGO PERTURBADOR

Autores:
Luciano Novaes Vidon (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)

Resumo:

Realizamos, entre 2016 e 2017, uma investigação das bases teórico-metodológicas e linguístico-pedagógicas do contexto dos anos de 1970 no Brasil. Deparamo-nos, pois, com um documento do MEC de 1981 que refletia (e refratava) o contexto político, social, cultural e educacional dos anos de 1970, quando o então governo militar instituiu uma nova LDB, em 1971, investindo na concepção de língua como instrumento de comunicação, no âmbito de uma perspectiva desenvolvimentista e tecnicista. Neste trabalho de pesquisa, concluímos que o ensino de língua portuguesa, em especial o ensino de redação, se pautava em bases estruturalistas e formalistas, a despeito de um discurso funcionalista, como supostamente leva a crer a concepção instrumental de língua(gem). Por outro lado, ao propor sugestões metodológicas para o ensino de redação, o documento do MEC analisado se contradiz ao partir de uma base de sustentação teórica inatista, dada a forte influência do gerativismo chomskyano naquele momento, mas propõe exercícios de linguagem em uma perspectiva behaviorista, que interage em quase nada com uma perspectiva discursiva, sócio-histórica e dialógica de linguagem. Tendo em vista essa linha de investigação, objetivamos, nesta comunicação, cotejar o contexto supracitado, isto é, as bases teórico-metodológicas de ensino de língua portuguesa nos anos de 1970 com alguns pressupostos defendidos na Base Nacional Comum Curricular, publicada em 2018 pelo MEC. Para isso, fundamentamos nossa reflexão nos princípios epistemológicos defendidos pelo Círculo de Bakhtin, em especial os princípios da historicidade, da limiaridade e da dialogicidade  (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2011; VOLOSHÍNOV, 2009; BAKHTIN, 1998; BAKHTIN, 1993; BAKHTIN, 2013). Colocamos, portanto, os dois (02) documentos em diálogo, compreendendo-os cronotopicamente como reflexo e refração de um mesmo conteúdo ideológico, que vai na direção de uma formalização linguística no ensino do texto  e de uma idealização cognitiva em relação aos sujeitos de discurso.