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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Orações relativas introduzidas por quem em adágios populares: forma e função

Autores:
Edvaldo Balduino Bispo (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Resumo:

As pesquisas empreendidas sob o viés funcionalista assumem que existe, em alguma medida, relação motivada entre forma e função, de sorte que a organização da estrutura linguística está diretamente relacionada às funções que ela desempenha na interação discursiva e aos propósitos comunicativos que se quer alcançar. Ocorre, porém, que certos usos linguísticos se convencionalizam de tal forma que, muitas vezes, é difícil identificar a motivação por trás deles, o que torna opaca a relação forma-função, como se dá com expressões formulaicas do tipo pode tirar o/seu cavalo(inho) da chuva ou em provérbios populares, como quem não chora não mama. Nesses casos, é necessário recuar no tempo e fazer uma busca diacrônica para recuperar a(s) motivação(s) de tais usos. Considerando os adágios populares, em particular, por serem de domínio público e por serem conhecidos em situações de interação verbal que permitem a apreensão de seu significado, costumeiramente não se procede a essa busca no tempo. Circunscrito nesse contexto, este trabalho investiga o uso da oração relativa sem antecedente introduzida por quem em provérbios populares, a exemplo de quem casa quer casa, considerando sua(s) forma(s) de estruturação morfossintática e aspectos semântico-pragmáticos a ela relacionados. O aporte teórico utilizado é a Linguística Funcional Centrada no Uso, tal como delineada por Furtado da Cunha e Bispo (2013), agregada à Gramática de Construções na linha de Goldberg (1995, 2006), Croft (2001) e Traugott e Trousdale (2013). O banco de dados compõe-se de 60 (sessenta) adágios populares em que ocorrem relativas encabeçadas pelo pronome quem. Os resultados preliminares apontam que a construção em foco exibe variadas configurações morfossintáticas, sendo mais comum a que representa a construção transitiva. Mostram ainda que aspectos semânticos (jogo de palavras, relação de oposição entre termos, entre outros) e propósitos comunicativos estão implicados nos construtos das relativas sob estudo.