O artigo científico é um dos gêneros mais prestigiados e mais mobilizados para divulgação de conhecimentos na academia em diferentes campos disciplinares (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Por essa razão, ele tem sido alvo de variados estudos, a partir de variadas perspectivas, que contemplam questões como a intertextualidade (ARAÚJO, 2016); a construção da identidade dos estudantes (BEZERRA, 2015) e a sua organização em diferentes áreas (COSTA, 2012) nesse gênero. No que se refere às diferentes abordagens de estudo de gêneros, destacamos o estudo seminal de Swales (1990), inserido na perspectiva do Inglês para Fins Específicos (ESP), que desenvolveu o modelo CARS, o qual analisa a organização retórica de introdução de artigos. Tendo em vista a relevância do artigo e a necessidade de aprofundar a reflexão sobre esse gênero, com vistas a contribuir para o conhecimento sobre os gêneros acadêmicos, entendendo-os como elementos-chave para o desenvolvimento do letramento dos estudantes, a presente proposta objetiva analisar a organização sociorretórica da seção de conclusão/considerações finais de artigos científicos produzidos por membros especializados da área de Letras-Linguística. Para isso, selecionamos 10 artigos periódicos brasileiros bem avaliadas no sistema Qualis, publicados no último ano, e realizamos a análise dos movimentos sociorretóricos da seção de conclusão, descrevendo, a partir de marcas linguístico-discursivas, o que os membros mais experientes da comunidade efetivamente fazem quando escrevem a conclusão do artigo. Os dados encontrados foram comparados com as propostas de Costa (2015), Oliveira (2016) e Cotos, Huffman e Link (2015). Os resultados sugerem a mobilização de passos retóricos que diferem dos modelos encontrados, tais como a retomada dos objetivos do trabalho, da fundamentação teórico-metodológica e a presença de citações nesta seção que apontam que a organização da seção atende a especificidades da área e do contexto em que foi produzido.