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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Políticas públicas para o ensino: silenciamento, memória e interdição

Autores:
Lourdes Serafim da Silva (UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo compreender o modo como são pensadas as políticas públicas para o ensino de línguas, nas quais ainda ressoam os efeitos da colonização linguística marcada pelo silenciamento, apagamento e interdição das línguas dos nativos. Propomos apresentar algumas reflexões por meio da análise dos documentos legais, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), as Orientações Curriculares de Mato Grosso (MATO GROSSO, 2010) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no que se referem ao ensino de língua portuguesa para alunos imigrantes. A pesquisa se inscreve no campo da História das Ideias Linguísticas articulada à Análise de Discurso de linha materialista, formulada por Pêcheux e outros pesquisadores, na França, e desenvolvida, no Brasil, inicialmente, por Eni Orlandi. Contextualizamos a situação do ensino de línguas em uma escola de fronteira, localizada em Mato Grosso, para analisar de que maneira se estabelece a relação entre a escola e o sujeito imigrante em um espaço multilíngue. A língua nacional é fruto de um processo atravessado pelo político, enquanto a língua materna tem um funcionamento pautado pela memória discursiva, pois é atravessada, também, por questões históricas, culturais, sociais. Nesse processo, refletimos sobre o modo como as políticas públicas de ensino vem se configurando no cenário nacional, para pensarmos a questão da política de línguas na perspectiva discursiva, ou seja, quando pensamos o ensino de línguas, pensamos em práticas sociais sendo significadas por e para sujeitos históricos e simbólicos. Na análise, observamos que no ensino de língua portuguesa, apesar de haver uma preocupação com a inclusão do sujeito aprendiz, as práticas escolares continuam a interditar as outras línguas, que por sua vez, resistem e continuam a funcionar como um lugar de memória no sujeito imigrante.