2035 MANCHA O CORAÇÃO DOS HOMENS NO SUL DE VERÔNICA STIGGER | Autores: Carla Cristina Fernandes Souto (IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) ; Michelle Rubiane da Rocha Laranja (IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) |
Resumo: Como o primeiro canto de uma epopeia invertida, a narrativa de Sul parte de uma dedicatória, que evoca o céu do Sul, passa pelas epígrafes que invocam o chileno Roberto Bolaño e o argentino Jorge Luis Borges, e finaliza com uma proposição que desenha o mapa do Sul numa parede branca com sangue que jorra do nariz de um filho. Toda essa composição que introduz o livro é seguida por um “conto distópico”, uma “peça de teatro” e um longo “poema narrativo” unidos pelo sangue que irrompe. Para fechar a obra, “A verdade sobre o coração dos homens”, uma outra versão do poema narrativo final que vem lacrada e precisa ser cortada pelo leitor para se revelar, deixando cicatrizes no papel. Propor uma leitura de Sul pressupõe lidar com a perplexidade, à moda de Compagnon em O demônio da teoria, assumindo o risco de enfrentar a questão dos gêneros literários e a sua dificuldade de conceituação e abordagem. Pressupõe também a discussão dos conceitos de metaficção, intertextualidade e autoficção nas suas metamorfoses contemporâneas, conforme nos apresenta Leyla Perrone-Moisés em Mutações da literatura no século XXI. Portanto, o objetivo deste trabalho é promover um diálogo entre a obra Sul, de Verônica Stigger e a mobilidade das fronteiras entre os gêneros literários, levando em conta a construção intertextual e autoficcional de uma identidade do Sul. O método de análise pretende examinar as formas estéticas e os jogos textuais que possibilitam a representação e a ressignificação dos contextos com os quais a literatura dialoga, cogitando como resultado uma dessacralização das narrativas teóricas do contemporâneo.
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