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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Transitividade e regência no gênero resumo: uma abordagem cognitivo-funcional

Autores:
Edite Consuêlo da Silva Santos (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo:

Este trabalho pretende analisar a relação entre regência e transitividade verbal em resumos produzidos por licenciandos em Educação do Campo da UnB à luz do Funcionalismo e da Linguística Cognitiva. Verificaremos como a natureza conceptual da regência e da transitividade verbal, em seus vieses sintático-semântico-pragmáticos, auxilia na constituição do gênero resumo, tão utilizado na esfera acadêmica. Tradicionalmente, o resumo é definido apenas como uma síntese das ideias do autor; contudo, como será visto na análise do corpus, há fortes indícios de que esse gênero apresenta traços argumentativos, manifestados nas seguintes atividades: leitura, interpretação e seleção das ideias principais de um texto. Essas atividades conceptuais, textuais, interpretativas são fundamentais na produção de outros gêneros acadêmicos, como resenha, artigo etc. Assim, diante dessas percepções, a regência e a transitividade assumem funções sintático-semântico-pragmáticas que revelam a cognição das estruturas textuais. Hopper & Thompson (1980) e Givón (2001) reconhecem a transitividade como gradiente e de cunho sintático-semântico-pragmático, respectivamente. A transitividade depende dos efeitos discursivos que o falante deseja provocar no contexto comunicativo e a escolha de determinada regência, que é o necessitar ou prescindir do verbo de elementos nominais para completar sua estrutura significativa (LUFT, 2008), não apresenta somente diferença gramatical (transitiva direta/indireta), mas, sim, discursiva. A regência e a transitividade refletem a intenção comunicativa na busca pelos sentidos. Conceitos da linguística cognitiva como metáfora, protótipo, categoria, espaços mentais, integração conceptual (LAKOFF & JOHNSON, 1980; FACOUNNIER, 1996; FAUCONNIER & TURNER, 2002) podem auxiliar nas discussões dos efeitos semântico-pragmáticos criados pelos argumentos. Destarte, para vermos essa linguagem funcionando criativamente no gênero resumo, é preciso investigar também os processos (sócio)cognitivos da leitura e escrita. Por isso, as teorias sobre gêneros do discurso (BAKHTIN, 2000) e gênero resumo (MACHADO, LOUSADA, ABREU-TARDELLI, 2004) sedimentam as bases discursivas, as quais norteiam a cognição dialética entre leitura e escrita.