O presente trabalho é parte de uma pesquisa em Rede intitulada “Língua e Literatura: relações raciais, diversidade sociocultural e interculturalidade em países de língua portuguesa”, desenvolvida no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas – NERA, com o objetivo de identificar e analisar quais modelos mentais estão sendo construídos nos livros didáticos de Português e História aprovados pelo PNLD /2014-2016. Partindo do pressuposto de que os livros didáticos podem, também, ser entendidos como modelos mentais construídos, vários pesquisadores têm-se interessado em investigar, a partir do conteúdo dos livros, quais modelos mentais (VAN DIJK, 2002 e 2012), podem contribuir para a construção em alunos afrodescendentes identidades positivas (GOMES, 2003; JORGE, 2014), considerando “que haja livros didáticos que sejam mais inclusivos e críticos” (FERREIRA, 2014, p. 20).
As Coleções da área de História analisadas evidenciaram que, apesar dos avanços no campo didático-pedagógico, levando em consideração o protagonismo dos estudantes em sala de aula e fora dela, entendendo-os como sujeitos sociais, sujeitos de história, ainda persiste uma distância entre a História Ensinada, enquanto uma disciplina escolar e a História Vivida pelas crianças e seu grupo social. Foi constatado ainda que, se houve esforços e avanços didáticos, pedagógicos, históricos na produção de livros didáticos de História, inclusive para a atender ao preceito legal e às Diretrizes Curriculares, no campo da Educação das Relações Étnico-Raciais avançamos pouco. Ainda restam alguns entraves epistemológicos que precisam ser superados, e na conjuntura atual este se apresenta como um grande desafio.