Formar leitores desde a infância: o valor poético da vocalidade e da imaginação | Autores: Ângela Cogo Fronckowiak (UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul) |
Resumo: Através das reflexões desta apresentação, buscamos partilhar a ideia de que a formação de leitores, desde a infância, pode se beneficiar do valor poético da vocalidade de textos. Numa abordagem fenomenológica, ancorada nos conceitos de imaginação material, devaneio e ressonância, a partir de Gaston Bachelard, e performance da voz, ou vocalidade, oriundos da obra de Paul Zumthor, defendemos fundamentar a concepção de leitura na organicidade da ação poética da voz e da palavra; ação que, sem negar os valores de proferição e de explicação, não se restringe a eles, sublinhando a estreita ligação entre corpo, linguagem e mundo nos processos de formação, também a leitora. A oportunidade de acompanhar crianças em fase de alfabetização e jovens em escolas de educação básica, na formação de suas trajetórias leitoras, demonstrou que, na maioria das vezes, a ideia de cultura percebida como um conteúdo – e condicionada aos limites da aprendizagem de conceitos –, restringe a contribuição que podemos dar para a constituição de outras maneiras de compreenderem o conhecimento, o que inclui, principalmente, saberes sobre os modos como experienciam a leitura. Quando a vocalidade encarna um corpo que lê (e é lido), a escuta se transforma não só em potência para engendrar desejo pela leitura e pela escrita, mas em oportunidade para que crianças e jovens encontrem, através da voz e do comprometimento adulto, a experiência do humano nas palavras que a humanidade tem produzido e exteriorizado em seus registros orais e literários.
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