Para o estruturalismo, que trabalha com um sistema de oposições binárias, o morfema_s significa plural nominal e sua ausência (o morfema zero) significa singular. Em PB, a presença de morfema plural implica 2 ou mais unidades; entretanto, sua ausência não significa singular (exatamente 1 unidade). O PB tem três tipos de Sintagma Nominal (SN) argumentais: o nu plural (´Comprei flores´), o nu singular (`Tem menino na sala´), que pode designar um ou vários; e o Sintagma de Determinante (SD) –SDs singulares expressam uma unidade exata em PB (´O/Um menino entrou ´). Os fatos não permitem sustentar que a ausência do morfema_s seja sempre interpretada como singular. Singularidades só podem ser expressas em PB por meio de SDs singulares em sentenças episódicas: ´A professora entrou´ (é uma única professora) contrasta com ´As professoras entraram´ (pluralidade).

As duas teorias semânticas de plural competindo no mercado são a de plural exclusivo (excluindo as singularidades) e a de plural inclusivo (em que o morfema _s inclui as singularidades, como em ´Não há cadeiras na sala´, que será falsa mesmo no contexto de uma única cadeira dentro da sala. O contraste entre os nomes nus do PB parece favorecer a teoria do plural exclusivo, mas os SDs plurais em sentenças genéricas operam conforme a previsão do plural inclusivo; somente em sentenças episódicas o plural se comporta como exclusivo.

O quadro da quantidade nominal é bastante complexo em PB, sobretudo se consideramos as interpretações de volume (´muita areia´) em contraste com as de número (´muita gente´), em que não há um morfema plural presente.

O presente trabalho pretende lançar mais luz sobre as interpretações de quantidade dos sintagmas nominais do PB, analisando as interpretações possíveis para os dados.