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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Preconceito étnico-racial e regional no romance Chove nos Campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir

Autores:
William Silvio do Nascimento (UNIR - Fundação Universidade Federal de Rondônia)

Resumo:

Chove nos Campos de Cachoeira é o título da primeira obra publicada pelo escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979), no ano de 1941, após ganhar o concurso do Jornal Dom Casmurro (do Rio de Janeiro), sendo publicada pela Editora Vecchi. Originalmente escrito no ano de 1929, este romance inicia o “Ciclo do Extremo Norte” composto por dez títulos. Nesta obra inaugural, Dalcídio Jurandir constrói uma narrativa na qual apresenta aspectos da cultura e sociedade ribeirinha marajoara do início do século XX. Neste trabalho, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Sônia Maria Gomes Sampaio, buscou-se analisar um dos personagens, o Dr. Campos, sob a ótica pós-colonial, pois o mesmo é distinto dos demais no que tange sua composição e características particulares, uma vez que não é um nativo amazônida. Sua vivencia é de um homem branco letrado, oriundo de Minas Gerais com estudos em Recife, de poder político-econômico derivado do cargo público, em meio a uma realidade sociocultural de miséria econômica, analfabetismo quase generalizado, na periferia do sistema capitalista, o que lhe permite a promiscuidade sexual com base no abuso de autoridade e violência, uma vez que se vale do cargo de juiz substituto. Em seus diálogos, este personagem, por vezes apresenta sua cosmovisão preconceituosa, falas e hábitos que tangenciam o discurso sociológico de Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala (1933). A nível teórico, a colonialidade do poder de Aníbal Quijano tornou-se fundamental para esta análise, pois abarca o processo de classificação étnico-racial presente na constituição do personagem em questão, assim como as ideias de Edward Said desenvolvidas em O Orientalismo e Cultura e Imperialismo.