O presente trabalho tem como objetivo principal investigar as estratégias editoriais da obra paradidática O poeta que fingia, de Álvaro Cardoso Gomes, voltada para alunos do Ensino Fundamental II (6º ao 9º). Uma das hipóteses que norteiam este trabalho é a de que uma obra de caráter paradidático deva valer-se de procedimentos semióticos que promovam a aproximação entre enunciador e enunciatário-leitor. Outra hipótese é a de que, ao elegermos o nível de pertinência das práticas semióticas para a análise, conforme as propostas de Jacques Fontanille, poderemos descrever e analisar como se relacionam os projetos didático, científico-crítico e editorial na obra. Segundo o texto da contracapa do livro paradidático, o objetivo da coleção da FTD é aproximar os jovens brasileiros, nascidos já no século XXI, dos grandes escritores de Língua Portuguesa. Desse modo, no que concerne à primeira hipótese, buscaremos identificar a prática editorial que organizaria outras práticas (como a didática, a literária e a científica, por exemplo) que LHE seriam hierarquicamente inferiores. Adotamos como ponto de partida as reflexões de Gérard Genette sobre a noção de paratexto editorial, nas suas formas peritextuais e epitextuais, para discutir e delimitar o papel da capa, da contracapa, da orelha e de outras formas textuais que circundam a obra e que são “vestígios” da prática editorial. Quanto ao problema do entrecruzamento das diversas práticas, buscaremos descrever (1) a natureza do suporte de inscrição, tanto em sua dimensão formal quanto material e (2) a relação do texto-enunciado paradidático na interface com os paratextos que o acompanham para, então, chegar (3) às estratégias de circulação que a obra prevê e o modo como as práticas didática e editorial, especialmente, se relacionam.