O presente artigo propõe a leitura de contos de Caio Fernando Abreu pelo viés da crítica feminista. No intuito de perceber como as mulheres são retratadas na obra de um autor com inclinação para personagens masculinas. E também observar como elas subvertem as in/definições estereotipadas que permeiam as narrativas. Para tanto, a base teórica se sustenta nas reflexões de autoras que excedem as discussões do feminismo, Judith Butler e Virginie Despentes. Elas dialogam sobre a subversão de gênero e transgressão de padrões femininos, através de Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, de Butler (2016), e Teoria King Kong, de Despentes (2016). Neste sentido, são elencados os contos “Fotografia”, Inventário do Ir-remediável (1970), e “Fotografias”, Morangos mofados (1982). Os contos retratam, respectivamente, uma mulher indefinida e inominada e outras duas, loira e morena, estereotipadas. As personagens de “Fotografias” são nomeadas conforme o título dos microcontos que formam a unidade do texto, “18 x 24: Gladys”; “3 x 4: Liége”. As personagens não seguem normas sociais de gênero, mesmo sendo apresentadas de maneira genérica. Tal comportamento se reflete à onda feminista que permeia as décadas de 70 e 80, nas quais foram publicadas as obras dos contos propostos para análise.