Quem matou (a reputação de) Marielle Franco? Fake news e as disputas de sentido em aulas de língua portuguesa | Autores: Roberta da Silva Calixto dos Santos (CEFET/RJ - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca) |
Resumo: Nesta apresentação, parto da compreensão de que o ensino de línguas deve extrapolar seu tradicional viés altamente conteudista e contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico das e dos estudantes. Também defendendo que para que esta formação ocorra de maneira ampla, é preciso refletir criticamente sobre os discursos vigentes na sociedade atual, especialmente os midiáticos, e as disputas de sentido envolvidas nas construções do que venha a ser a verdade. Alguns estudos já começam a desenvolver teorias sobre o impacto, tanto do volume quanto da descentralização de informações circulando, principalmente em meios virtuais (JENKINS, 2014). Admitindo a concepção Bakhtiniana de linguagem como elemento indissociável da atividade humana (FIORIN, 2006) e que os gêneros discursivos são formas pelas quais essa linguagem se organiza, esta apresentação trata de um gênero discursivo cujo aparecimento é relativamente recente e cujo debate ganha relevância no cenário brasileiro atual: as chamadas fake news. O córpus de análise serão as notícias falsas compartilhadas via redes sociais após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Tomando a linguagem não como representação, mas como construção de realidades (ROCHA, 2016) e recorrendo à noção de polifonia (BAKHTIN, 2000), pelo viés da análise do discurso enunciativa de Maingueneau (1997, 2002, 2008), busco compreender com que outras vozes essas imagens dialogam e como ajudam a disputar os conceitos de raça e gênero, entendidos aqui como significantes flutuantes (HALL, 2005), de modo a reforçar práticas racistas que estão imbricadas na sociedade brasileira como um todo, inclusive dentro do ambiente escolar.
|
|