Memória, silêncio e dor no consumo de experiências museológicas
Determinados museus voltados às memórias de dores e traumas, como a ESMA, Escola Militar da Armada, Memória e Direitos Humanos, em Buenos Aires, Argentina, ou o Memorial da Resistência, em São Paulo, Brasil, são exemplos de como espaços conhecidos como centros prisionais e de torturas políticas podem se tornar espaços de midiatização e consumo da própria memória, suas dores e silêncios. Este artigo tem como objetivo compreender as articulações estabelecidas entre memória – dor e silêncio na experiência museológica assim como em seus consumos. Para tal empreitada, fundamenta-se teoricamente em autores que apontam que a cultura vai contra o esquecimento, como o pensador da Teoria Semiótica da Cultura, Iuri Lótman; em trabalhos que deslindam estas conexões, tais quais os de Michel Pollak, Andreas Huyssen, François Hartog, entre outros. Por outro lado, o artigo se vale de pesquisa bibliográfica sobre consumo midiático e, por fim, conta com pesquisa de campo realizada em Buenos Aires, em visitação e coleta de dados, em 2017, e em São Paulo, com visitação e coleta de dados, em 2018. Espera-se discutir quais os processos de midiatização que envolvem a experiência de consumo destes museus e respondem pela estetização da dor e do silêncio que constituem a memória de campos de morte.