Resumo: Este artigo parte do pressuposto e das discussões sociais e históricas do curta metragem “O papel e o Mar” de Luís Antônio Pilar em que narra o encontro imaginário, atemporal da catadora de lixo e de palavras, Carolina Maria de Jesus (1960) e o almirante negro Antonio Candido, líder da Revolta das Chibatas (1910), ambos muito importantes para a construção histórica deste país. Objetivando deste modo discutir os discursos que são forjados a partir da linguagem do filme, igualmente fazer recortes e questionamentos que envolvem a obra Quarto de Despejo (1960) e os silêncios ecoados por personagens marginalizados na literatura em contexto de pobreza como a favela. O trabalho destaca deste modo a perspectiva literária subjetiva da autora Carolina Maria de Jesus enfatizando a referida obra lida e discutida por muitos países e hoje lembrada por poucos. Esta pesquisa toma como debate o lugar de fala da autora determinando sua feitura literária passeando pelos percursos traçados por tantos negros no Brasil que caíram no esquecimento, aqui destacando- se as imagens e diálogos veiculados pelo filme e a construção desse objeto da escrita feminina e literária da referida obra. Algumas referências a saber, Leahy-Dios, José Carlos Bom Sebe Meihy, Regina Dalcastagnê são importantes nesta pesquisa, pois embasam teoricamente ampliando as discussões. Nesse sentido, esta pesquisa utiliza o método crítico- analítico da literatura de Carolina Maria de Jesus, visto que é um interessante instrumento que permite apreciação e análise profunda da estrutura textual, assim como análise dos discursos propostos pelo curta metragem acima mencionado com numa visão dialógica. É importante enfatizar que a partir deste estudo é possível dizer que o esquecimento, assim como silêncio podem estar intrinsecamente ligados às condições e relações sociais de quem escreve ou sobre o que se fala.
Palavras- chave: Literatura. Esquecimento. Lugar de fala. Negros. Silêncios.