O objetivo deste trabalho é estabelecer um diálogo entre a literatura e a história, mais especificamente no que se refere à duas obras literárias que aludem aos regimes ditatoriais impostos ao Brasil e à Colômbia, na segunda metade do século XX,  a exemplo dos contos “Leite em pó da bondade humana”, de Haroldo Maranhão (1975) e “Boa viagem, senhor presidente”, de Gabriel García Márquez (1992),  bem como apontar semelhanças das ditaduras ocorridas na América Latina representadas nos referidos contos dos dois escritores pertencentes à diferentes nações da América do Sul. Nesse sentido, é imprescindível a concepção de que a história e a literatura são campos distintos, mas legítimos no que tange à representação da história no texto ficcional, configurando-se, também, como uma ressignificação do passado histórico, de modo que a análise dos referidos contos, por meio de um exercício hermenêutico, enquanto procedimento metodológico, permite compreender as representações da ditadura militar no Brasil e na Colômbia como uma negação dos direitos civis e políticos do cidadão, imposta por esse regime. Em uma perspectiva interdisciplinar entre o literário e o histórico e no âmbito da América Latina, destacaremos o diálogo existente entre as representações desse período da nossa história na literatura brasileira e colombiana.  O aporte teórico deste trabalho constitui-se pelas obras dos seguintes autores: Linda Hutcheon (1991), Costa Lima (2006) e Carlo Ginzburg (2007).