ATA: UM GÊNERO “MULTITAREFAS” NA FORMAÇÃO DO ESCRITOR-CIDADÃO

A formação para a cidadania passa por diversas instâncias, todas com diversos graus de comprometimento e relativas a contextos diferenciados, em sua maioria previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nesse documento, o gênero ata encontra-se entre aqueles concernentes ao campo de atuação na vida pública, sem qualquer relevo. Acreditamos, porém, que o trabalho com esse gênero na escola merece destaque, pois nossa experiência profissional e pesquisas que empreendemos sobre o gênero em pauta revelam a necessidade de valorização da prática de elaboração de atas na vida escolar, tendo em vista certas dificuldades de redatores incumbidos da lavratura de atas de reuniões públicas ou privadas. Diante desse problema,  com o objetivo de descobrir as razões dessas dificuldades e buscar soluções para elas, utilizamos a seguinte metodologia: coleta e análise de atas diversas na internet para verificar a consistência e as características do problema; levantamento e estudo de bibliografia pertinente aos gêneros textuais e, também, de livros e manuais dirigidos à produção de documentos oficiais para tomar conhecimento das orientações relacionadas à produção de atas; consulta de atos normativos para a educação, no tocante à Língua Portuguesa, para ver até que ponto a redação de atas é privilegiada nessas normas. A pesquisa embasa-se em Bakhtin (2003), Bazerman (2005), Belloto (2002), Marcuschi (2003, 2010), Sautchuck (2011) e Travaglia (2012); na LDB, nos PCNs, nas DCNs, na BNCC e, também, em manuais de redações oficiais. Os resultados parciais da pesquisa indicam a relevância do gênero ata como ferramenta na formação do escritor-cidadão, sobretudo no desenvolvimento das habilidades de interpretar, narrar, resumir e usar o registro formal da língua e os recursos de coesão, além de propiciar o trabalho na interface oralidade/escrita e a conscientização da importância do registro de reuniões.