A arqueologia filosófica da resistência | Autores: Davi Pessoa Carneiro Barbosa (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro ) |
Resumo: O pensamento do filósofo Giorgio Agamben tem suscitado muito interesse em pesquisadores e leitores no atual panorama mundial pelo fato do filósofo cruzar muitos campos de pesquisa, como: filosófico, estético, político, literário, jurídico, entre outros. Como bem destaca o crítico Edgardo Castro, um dos grandes debatedores do pensamento de Agamben, o pensamento do filósofo ocupa um lugar de destaque "à medida da publicação de Homo sacer em 1995, no qual retoma a herança de Hannah Arendt e Michel Foucault acerca da politização moderna da vida biológica, a saber, sobre a problemática que Foucault denominou biopolítica". Desse modo, a comunicação tem por objetivo apresentar e discutir alguns conceitos de seu vasto universo de reflexão, como o da arqueologia, da anarquia, da criação e resistência, para que sejam ressaltadas as singularidades dos dispositivos por meio dos quais a máquina política do Ocidente captura nossas vidas. O paradigma com que Agamben confronta tal problema é justamente o da máquina mitológica, proveniente de Furio Jesi. Agamben sabe que o que é necessário não é destruir a máquina em si, mas a situação que torna as máquinas produtivas, e o risco que se corre nessa possibilidade de destruição é exclusivamente político, pois a “máquina negativa – escreve Agamben – produz o nada a partir do nada”, e esta é a política em que vivemos. E para destruir tal situação é necessário recuperar a inoperosidade. Porém, a inoperosidade como procedimento não significa, por exemplo, resistência de um corpo ao movimento ou ao repouso. Essa articulação requer a presença de um não-saber, de algo que nos escapa, como uma dança (aqui, dança entendida como “libertação do corpo dos seus movimentos utilitários”). A inoperosidade, portanto, faz as partes inutilizáveis do corpo glorioso dançarem. Em última análise, a potência, na inoperosidade, não está desativada, pois é sempre uma resistência.
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