Pode o fantasma falar? Quer a crítica ouvir? | Autores: Natasha Magno Francisco dos Santos (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) |
Resumo: Símbolo de um acontecimento que almeja ser narrado, a representação do passado, através das falas de personagens vivos e mortos no romance moçambicano contemporâneo, é algo que não pode ser ignorado, visto que muito do que se foi investigado sobre o tema atrelou essas representações de forma estrutural, sobre um viés fantástico e maravilhoso. Nesse sentido, procuraremos apresentar o quanto uma recepção do O último voo do flamingo, de Mia Couto, pelo viés das teorias fantásticas e seus desdobramentos podem ser limitantes. Como ponto de partida, apresentaremos que os estudos que dissertam sobre representação dos fantasmas, do sobrenatural - elementos inverossímeis à realidade de um possível leitor ideal - podem ser vistos para além do exótico e sim como objetos de resistência ao esquecimento da memória coletiva, como um possível instrumento de exposição das contradições que habitam, particularmente, o território africano. Diante do exposto, se buscará identificar no texto ficcional em questão essas representações como elementos ligados ao passado, por meio dos quais se abordam mais especificamente as relações entre memória e história. Para que isto ocorresse, foi imprescindível uma busca bibliográfica em torno primeiramente dos estudos que envolvessem a teoria fantástica, pois muitos estudos se basearam, como iremos apresentar, numa abordagem restrita e a partir desse breve resgate teórico iremos apontar as possíveis limitações que essa perspectiva pode apresentar para se investigar, não só o romance elucidado, mas muitas outras obras produzidas nas literaturas africanas.
Agência de fomento: Cnpq |
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