Os sentidos da 'Rua': semioses de reexistência | Autores: Ludmila Pereira de Almeida (UFG - Universidade Federal de Goiás) ; Karla Alves de Araújo França Castanheira (UFG - Universidade Federal de Goiás) |
Resumo: Neste trabalho, discutimos as possibilidades de uma semiótica decolonial, entendendo-a como o estudo dos múltiplos processos de significação gerados a partir do lócus de enunciação da diferença colonial, enunciação esta que inclui tanto seu aparato formal (“estrutura pronominal de uma língua, os [...] marcadores de tempo e espaço [...]; e a distinção entre a esfera conversacional e a esfera disciplinária”) quanto seu aparato material (seus aspectos geopolíticos e corpopolíticos) (MIGNOLO, 2015, p. 64). Sendo marcada pela enunciação a partir da diferença colonial, as semioses produzidas pelos “outros” da colonialidade/modernidade incluem, assim, tanto as características linguísticas quanto os corpos significados a partir dos enunciados dessa modernidade que ocultam “múltiplos processos de construção de realidades” a partir delas (LOSACCO, 2012, p. 690). A partir dessa concepção, analisamos diferentes noções da palavra “rua”, pensando-a como signo da disputa por lugares nos espaços públicos urbanos. A partir das análises, percebe-se que “Rua” aponta para diferentes significações ao se tornar ao mesmo tempo um espaço da multidão, da cidadania, do trânsito quanto da solidão, dos tidos “subcidadãos” e da aparente estagnação de vida, dependendo do “aparato material” de quem a enuncia. Propomos, partindo dessa discussão, contribuir com os estudos de linguagem para uma semiótica que tenha como perspectiva a interseccionalidade dos corpos (CRENSHAW, 2002; GONZALEZ, 1988). Trazendo para o eixo de discussão a “rua”, discutimos como as concepções desse espaço podem impedir o caminhar de dadas existências, congestionando o transitar dos saberes tidos como não válidos ao impor o signo da urbanidade como um dos mecanismos de sustentação do projeto colonial/moderno, mas podem também indicar a força dos levantes sociais e as semioses de (re)existência que os corpos-saberes que a compõem constroem ao constitui-la como lugar, tanto dessa (re)existência quanto de organização política, de produção de conhecimento emancipatório e de compartilhamento de afetos e lutas.
Agência de fomento: CAPES/Cnpq |
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