Considerando-se o gênero textual como unidade básica de trabalho, este artigo se dedica a relatar uma experiência de produção textual de entrevistas elaboradas por alunos do 9º. ano do Instituto Benjamin Constant, e analisar as questões formuladas pelos estudantes a partir da significação construída, sobretudo, por meio do emprego de verbos e substantivos. Os alunos que participaram da atividade são cegos ou com baixa visão, com idade entre 15 e 32 anos. Após estudo do gênero textual entrevista e suas características, os alunos foram orientados, de acordo com um tema definido por eles, a elaborar cinco perguntas direcionadas a uma pessoa de seu convívio por quem sentissem curiosidade ou admiração. As perguntas apresentadas por escrito à professora junto com um breve perfil da pessoa entrevistada foram avaliadas e, em seguida, os alunos realizaram oralmente a entrevista, registrando as respostas dos entrevistados, a fim de apresentar o trabalho concluído. Para compor o corpus deste artigo, selecionaram-se três entrevistas produzidas por dois alunos com baixa visão e uma aluna cega, direcionadas a profissionais da escola. A análise das entrevistas, fundamentada em estudos como os de Bakhtin (2000) e Simões (2009), leva em conta aspectos sígnicos das perguntas e o valor que o gênero textual trabalhado adquiriu, durante o processo de produção textual, na relação dos estudantes com seus interlocutores e com o espaço escolar.