PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO: LENDAS INDÍGENAS E SEU ESPAÇO DE INTERPRETAÇÃO | Autores: Leidilene de Souza Rodrigues (UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso) |
Resumo: Esta pesquisa se inscreve teoricamente na Análise de Discurso de linha francesa, na qual buscamos dar visibilidade aos traços de memória discursiva que definem os processos de identificação do sujeito Chiquitano. Neste trabalho, propomos a análise de lendas indígenas, que formuladas nas aldeias indígenas estão significando em um outro espaço, na cidade, porque são trazidas pelos alunos para o espaço escolar, que nesse caso, trata-se de uma escola localizada na cidade de Porto Esperidião-MT, munícipio de fronteira com a Bolívia em uma região rodeada por aldeias indígenas do povo Chiquitano. Ressaltamos que o conhecimento acerca desses processos identitários possibilita compreender o modo como os alunos de origem Chiquitano que não residem em aldeias, e sim, na zona urbana e estudam em escolas não indígenas, ressignificam as lendas indígenas ouvidas e apreendidas no convívio de seus familiares, tendo em vista que a memória discursiva afeta o modo como o sujeito se identifica com os discursos que circulam em diferentes espaços. Para analisar os processos de identificação é fundamental a relação entre o espaço, o acontecimento e a memória discursiva, sendo que o funcionamento da memória no sujeito se faz pela narratividade, compreendida, discursivamente, a partir dos diferentes modos de individuação do sujeito. Assim, a circulação das lendas significa em um espaço diferente do original, em que a memória se diz em processos de identificação do sujeito, afirmando um determinado espaço de significação (ORLANDI, 2017). |