O ensino de Português como Língua Adicional para uruguaios fronteiriços (habitantes da cidade de  Rio Branco) no Brasil convoca uma discussão urgente a respeito do ensino de língua diante da cultura e da interculturalidade como forma de avançarmos para práticas e vivências multilíngues. O objetivo deste estudo é produzir uma reflexão a respeito da indissociável relação entre língua e cultura a partir das produções orais e escritas de alunos falantes de espanhol,  os quais são aprendizes de português, em nível inicial,  em um curso de línguas que constitui um projeto de extensão da Universidade Federal do Pampa (campus Jaguarão).  Do ponto de vista teórico, os excertos são analisados  a partir das noções de língua, linguagem e cultura (Benveniste 2005,2006). Do ponto de vista analítico, as noções teóricas, fundamentadas nas reflexões da linguística da enunciação benvenistiana, permitem a construção de um construto metodológico para interrogar o corpus de análise: i) na/pela linguagem o homem se constitui como sujeito; ii) sem tu não há eu; iii) língua  cultura são indissociáveis. As análises apontam para a necessidade de mobilizarmos um ensino de língua fundado nas relações culturais fronteiriças, que considere que “bem antes de servir para comunicar, a linguagem serve para viver. “ (BENVENISTE, 2006, p. 222).