Objetivamos neste trabalho, refletir sobre os deslocamentos de sentido do termo ‘senzala’ que tem circulado em discursos a respeito das questões étnico-raciais na contemporaneidade, em especial nas mídias digitais que se configuram como um meio muito fértil para produção e circulação de sentidos, refletindo as condições de produção que constituem o atual cenário político e social brasileiro como espaço do dissenso, do embate, do conflito, da discordância. Pensando mais especificamente na tensão que constitui a produção e circulação de sentidos acerca das questões-étnico raciais, nos deparamos com a recorrência da circulação do termo ‘senzala’, tanto em enunciados antirracistas quanto em discursos de cunho preconceituoso. Dessa forma, selecionamos para análise, sequências discursivas de pichações de cunho racista realizadas em universidades brasileiras e divulgadas na internet. Objetivamos com nossa análise, compreender que sentidos estão sendo produzidos para o termo ‘senzala’ na relação com o negro nas condições de produção atuais e de que modo eles refletem nas relações entre brancos e negros nas universidades, na (des)legitimação das políticas de ação afirmativa. Para tanto nos inscrevemos na perspectiva da Análise do Discurso de viés materialista, fundada por Michel Pêcheux e outros autores na França na década de 1960 e difundida no Brasil por Eni P. Orlandi a partir da década de 1970.