“Feminicídio” enquanto item lexical e unidade lexicográfica | Autores: Claudia Zavaglia (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: No entendimento geral, cultura é um conjunto de códigos e padrões que orientam e organizam a vida humana, tanto individuamente quanto coletivamente, manifestando-se em quase todos os seus aspectos: crenças, normas, costumes, conhecimentos, comportamentos, valores espirituais, instituições, entre outros. Na verdade, seu conceito é bastante impreciso e difícil de se definir em sua completude. Estudiosos têm tentado, desde os primórdios, abarcar seu significado em diferentes correntes de pensamento, dentre elas, a antropologia. A língua que está em uso numa sociedade é resultado de uma cultura e exprime o pensamento e os valores de um povo. Com isso, as unidades lexicais, por meio dos significados que uma comunidade linguística lhes atribui, determinam um olhar próprio do universo e uma série de traços culturais, ideológicos, institucionais, morais etc. definidos de maneira sistemática ou em coerência interna. Do mesmo modo, uma língua é empregada para legitimar e evidenciar ou negligenciar e falsear atitudes, importâncias e concepções sobre diferentes facetas da humanidade. Este trabalho tenciona analisar dicionários brasileiros no que diz respeito a suas macroestruturas com o objetivo de refletir o propósito da Lexicografia atual no Brasil. Visto que o dinanismo lexical é em constante evolução e deva ser considerado na feitura e na atualização de dicionários, procuramos discorrer como uma única forma lexical, “feminicídio”, é inexistente nos repertórios vocabulares analisados, embora esteja em circulação há vários anos no país e mais do que viva na atualidade sóciocultural. A Lexicografia tem por dever atentar-se à realidade, principalmente àquela tecnológica ao seu redor, e colocar à disposição de seus usuários obras que estejam em harmonia com o conjunto daquilo que é realmente condizente com a verdade do quotidiano, com unidades lexicais que estejam, de fato, em uso, e que possam, realmente, traduzir a realidade que os envolve e os atinge, com celeridade, aquela mesma com a qual os fatos as criam.
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