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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Sobre Paulo Freire: os contornos discursivos de uma vida

Autores:
Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis (IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo estudar a construção discursiva das imagens de Paulo Freire, desveladas a partir da obra Paulo Freire: uma biobibliografia (1996), organizada por Moacir Gadotti. Trata-se de um livro que tomamos como uma narrativa de vida (MACHADO, 2009), pois nele é abordado o que se pode considerar um objeto social, deixando depreender, na esteira de Bertaux (2003), uma parte da vida desse sujeito: em especial, a nosso ver, por buscar representar o curso de uma existência; em particular, de um homem notável nos cenários nacional e mundial. Interessa-nos, tomando como base a Primeira parte da obra, averiguar a partir de quais vozes se dá contorno à figura de Paulo Freire, buscando identificar e analisar as imagens instituídas por meio das construções linguístico-discursivas daqueles que assinam os textos: Ana Maria Araújo Freire, viúva do educador; Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, homenagem ao teórico; Carlos Alberto Torres, biógrafo latino-americano de Paulo Freire; e; Heinz-Peter Gerhardt, autor de Arqueologia de um pensamento, obra baseada nos pressupostos teóricos de Freire. Para ancorar nossas análises, recorremos às contribuições da Teoria Semiolinguística de Charaudeau (2008), a partir das noções de contrato comunicacional e de leitura, bem como a de modos de organização do discurso; às considerações de Bertaux (2003) acerca do termo récit de vie; às teorizações de Machado (2009) a respeito das narrativas de vida; e ao trabalho de Gardner (1999) sobre a extraordinariedade. Dado o exposto, dedicar-nos-emos a averiguar o contrato de comunicação estabelecido na supracitada obra, atentando-nos para a forma como foi elaborada a construção da imagem de Paulo Freire como objeto de uma narrativa de vida ser-heroificado ou sujeito-humanizado -, os sujeitos envolvidos e as identidades sociodiscursivas manifestas na cena enunciativa para podermos interpretar, de modo discursivo, a edificação, por meio de palavras, de sua vida.