IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS EM UMA TURMA DE MIGRANTES ESTUDANTES DE PORTUGUÊS: O QUE INTERAÇÕES EM UM CURSO ESPECÍFICO TROUXERAM À TONA | Autores: Fernanda Deah Chichorro Baldin (UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná) |
Resumo: O presente estudo se inscreve no campo da Linguística Aplicada, especialmente no que diz respeito a ideologias e políticas linguísticas. Apresentamos, primeiramente, a noção de língua que orienta nossa perspectiva (César e Cavalcanti, 2007; Blackledge e Creese, 2014); o conceito de heteroglossia e seus componentes – indexicalidade, interação repleta de tensão e múltiplas vozes (Bakhtin, apud Blackledge e Creese, 2014); concepções de ideologia linguística e política linguística que subjazem ao Português sem Fronteiras (PsF) e ao Certificado de Proficiência de Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) (BRASIL, 2015). O recorte exposto debruça-se sobre uma pesquisa de cunho etnográfico que acompanhou quatro estudantes estrangeiros migrantes ao longo de um curso 16 horas divididas em 4 encontros, cujo objetivo era discutir aspectos da cultura brasileira. Esse curso faz parte do rol de cursos do Português sem Fronteiras (PsF), oferecido no âmbito do programa Idiomas sem Fronteiras (IsF). Ele teve lugar em uma universidade pública do estado do Paraná e realizou-se entre maio e junho de 2018. Nos encontros, gravados em áudio, é possível identificar muito das identidades desses sujeitos em trânsito. A partir do que esses sujeitos em interação com a professora e duas monitoras constroem nos encontros, se percebem ideologias linguísticas presentes em seus discursos que são reveladores de seu (não) pertencimento a grupos específicos, seja em seus países de origem, seja no Brasil. Os excertos das transcrições analisadas também nos mostram que “as culturas propõem esquemas de significação; elas não são camisas de força.” (Maher, 2007, p. 89). É fundamental esclarecer que as interpretações em qualquer pesquisa etnográfica são recortes e visões possibilitadas do ponto de vista do(a) pesquisador(a) e foi parte de um dos possíveis olhares “de dentro” que almejamos construir.
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