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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Revisitando os conceitos de objeto de aprendizagem, curadoria e referatórios

Autores:
Jacqueline Peixoto Barbosa (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

O presente trabalho apresentará dados de uma pesquisa qualitativa - uma análise documental – envolvendo o referatório de objetos de aprendizagem (OA) Currículo+, mantido pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Além da sistemática de curadoria, foram analisados 76 objetos, totalidade dos disponíveis para os anos finais do Ensino Fundamental, com o objetivo de caracterizar os OA disponíveis, no que diz respeito ao seu contexto de produção (finalidade educacional colocada desde sua origem ou não), às mídias, práticas de linguagem  e conteúdos privilegiados, aos letramentos considerados e  à concepção de ensino-aprendizagem de língua. A análise parcial dos dados mostra que 60% dos OA não foram produzidos com intencionalidade pedagógica e que 34% são destinados à leitura/declamação/retextualização de textos literários. Outros OA também são simplesmente exemplares de gêneros. Literatura e gramática são os conteúdos mais focados, vídeos e jogos, os tipos mais contemplados. Os dados mostram ainda que não é possível  identificar a razão da inclusão de alguns objetos, já que não contemplam de forma mais direta e intencional nenhum conteúdo ou  prática de linguagem. Ainda que haja um grande privilégio dos letramentos convencionais, alguns objetos parecem apontar para a consideração dos multiletramentos – vídeos sobre mangá, sobre como fazer roteiro ou como editar um verbete na Wikipedia ou, ainda, sobre sonoplastia e designer gráfico. Tais dados apontam, por um lado, para uma necessidade de diversificação na produção de OA e, por outro, para uma necessidade de rediscussão e eventual revisão do conceito e caracterização dos OA tal como propostos por autores como Willey (2000), Leffa(2006), Mendes, Souza e  Caregnato (2004), Reategui, Boff e Finco (2010) e Araújo (2013), pois, para a área de Língua Portuguesa,  retextualizações variadas são desejáveis bem como a consideração de produções originárias de outros contextos, já que possibilitam a concretização de uma perspectiva enunciativo-discursiva.