A ESCRITA COMO RESISTÊNCIA: A AUTOBIOGRAFIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS | Autores: Daniela de Almeida Nascimento (UNESP/ FCLAR - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: Em sua autobiografia, Diário de Bitita (1986), Carolina Maria de Jesus rememora passagens da infância e da adolescência na região de Sacramento, interior de Minas Gerais, até sua chegada à ainda idealizada cidade de São Paulo. Há um empenho em resgatar uma memória negra apagada e silenciada e um querer-se, assumir-se e gostar-se negro característico da literatura negro-brasileira (CUTI, 2010). A partir da perspectiva infantil de Bitita, Carolina de Jesus constitui-se autora da sua própria história, construindo, textualmente, sua identidade como escritora, mulher negra, brasileira, herdeira e participante de uma ancestralidade africana. Não obstante estivesse à margem do projeto “progressista” do Brasil de meados das décadas de 20-30, ela resiste e insiste em seu projeto literário. De acordo com Alfredo Bosi (2002), a resistência conjugada à narrativa se dá como tema e/ou como processo inerente à escrita. Em Diário de Bitita, além de integrar a obra tanto como tema como também processo, o próprio ato da escrita literária configura resistência. Assim, este trabalho propõe-se a analisar de que maneira o exercício de rememoração é articulado na narrativa de modo a criar um espaço simbólico de resistência e construir uma identidade de gênero, raça e classe, cujo caráter é tanto individual quanto coletivo (POLLAK, 1992; SELIGMANN-SILVA, 2008).
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