A produção literária infantil contemporânea é marcada, sobretudo, pela presença dos livros ilustrados, cujo traço central é a presença amalgamada de duas linguagens: escrita e ilustração. Em tais livros, a apreensão conjunta de ambas as linguagens é fator crucial para a experiência de leitura. Entretanto, não se pode esquecer que o encontro entre leitor e textos se realiza por meio da mediação de uma materialidade: o livro. Por essa razão, muitos teóricos consideram os livros ilustrados como um conjunto de interações entre textos, imagens e suportes. Assim, mais que um receptáculo de informações, o livro é parte da experiência de leitura e, portanto, participa da construção de significados. Sobre esse aspecto, destacamos o conjunto de elementos presentes na sua materialidade que ultrapassam a instância de autoria atribuída à obra. A esse conjunto de elementos chamamos aqui de projeto gráfico-editorial. Para defini-lo, apoiamo-nos em dois pilares conceituais: a noção de paratextos editoriais, cunhada por Gérard Genette (2008), e de projeto ou design gráfico, buscando aporte em teóricos do design como Hendel (2000) e Haslam (2007). Considerando a importância da materialidade para a literatura infantil contemporânea, propomos uma investigação de seu papel na construção narrativa de tais obras, bem como sua relação com as demais linguagens que as constituem. Como referencial teórico, são utilizados os estudos de Nikolajeva e Scott (2011), Linden (2011) e Ramos (2013).