Os processos de construção do período composto abordados nas gramáticas tradicionais e nos livros didáticos correspondem somente a duas classificações: as orações coordenadas e as orações subordinadas. Entretanto, uma abordagem funcionalista acerca das sentenças complexas do português brasileiro aponta a existência de um terceiro arranjo sintático: a correlação. De acordo com Módolo (1999), as orações correlatas apresentam uma relação de interdependência e, antes de resultarem em uma disposição sintática, as mesmas se correlacionam funcionalmente. A correlação conjuncional presente nessas orações estabelece coesão entre sentenças e sintagmas, confere vigor à argumentação, além de consistir em um importante recurso discursivo. Com base nisso, o presente trabalho visa à análise das orações correlatas, sob a perspectiva da Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory – RST). A RST, uma teoria descritiva desenvolvida por Mann, Matthiessen e Thompson, voltada para o estudo das relações implícitas existentes entre as partes de um texto, que lhe conferem coerência. Apesar dessas relações não exigirem marcas formais, as conjunções que participam da formação das orações correlatas podem ser analisadas por meio dessa teoria. A partir de um corpus extraído de uma rede social, foi possível observar o funcionamento dessas sentenças, sua relevância no âmbito da organização textual, e como elas atingem os propósitos do produtor do texto, fazendo com que a informação transmitida seja reconhecida pelo destinatário/leitor do mesmo.