O trabalho tem como objetivo explorar os aspectos da colonialidade presentes na narrativa Nove, Novena, do escritor pernambucano Osman Lins, a partir de três eixos interrelacionados: o papel do feminino, o poder e a violência. No primeiro eixo, buscam-se identificar os sentidos conferidos aos ideiais do feminino a partir das personagens da mãe, da empregada e de Canária, considerando um recorte racializado e de classe. O segundo eixo procura compreender as estruturas coloniais de poder presentes na narrativa, a partir do espaço de produção rural e das relações entre as personagens. Já o terceiro eixo visa a explorar o uso da violência e da prerrogativa de decisão sobre a vida e a morte como elementos de construção de identidade e soberania.

A convergência dos eixos citados permite situar Pastoral como um microcosmo da colonialidade no contexto brasileiro e latinoamericano, de suas construções simbólicas e de suas relações de dominação, consubstanciadas no patriarcado, no racismo, no uso consistente da violência física e simbólica e na concentração de poder material e decisório.

Os referenciais teóricos para o estudo são o conceito de necropolítica de Achille Mbembe, as reflexões de Angela Davis em Mulher, Raça e Classe e as investigações de Aníbal Quijano em A Colonialidade do Poder.