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| Obsessão, onde estivestes de noite? | Autores: Rossemberg da Silva Freitas (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo: Assim como há quem precise sentir na própria pele, literalmente, a chama aprazível da dor, há quem prefira sentir na pele do outro, havendo, portanto, o feitor e a feitura, o possuidor e a posse, o Dominante e o submisso, o sádico e o masoquista. A esse universo chamo BDSM, onde a dor e o prazer andam amarrados. Tenhamos em mente que o aprisionamento não precisa de amarras concretas, as abstratas são tão eficazes quanto, e a dor é somente uma informação que o cérebro pode superar por dois meios: cessando ou intensificando. O cérebro da presente análise prefere o segundo meio. Intensificar um Ela-ele que se permite gozar apreciando a humanização bestial. Intensificar uma Cristina que busca na prisão das palavras a humilhação escrava e o destronamento do ego. Uma Dor convertida em Prazer. Outrossim, parto do pressuposto de que a prática não-convencional do sexo é vista negativamente por alguns muitos olhos nas sociedades e, portanto, a dor envolvida em algumas das tais práticas é considerada altamente nociva à moral e aos bons costumes. Felizmente, a poesia Clariceana é chicote que arde na pele e faz lembrar a existência bestial e explícita da carne, e para exemplificações, tomo como base as fatias de vida discorridas em Obsessão e Onde Estivestes de Noite, com o intuito de descobrir o prazer físico-psicológico que há na dor, e vice-versa. Para tanto, amarrar-me-ei, majoritariamente, à Teoria da Residualidade Literária e Cultural, por Roberto Pontes, como base para compreender o processo histórico-social dos sentimentos paradoxais – dor e prazer; aos Estudos do Mito, por Mircea Elíade, como encaminhamento do mítico ritualístico presente nas práticas não-convencionais de sexo; e aos textos de Marquês de Sade, para um entendimento acerca do universo BDSM.
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