Entre o início da última década do século XX e o final da primeira década do século XXI, a educação pública paranaense passou por um processo de reformulação curricular de ordem estrutural e didático-pedagógica e vivenciou a publicação de três documentos curriculares, sendo dois de âmbito estadual fortemente  marcados por  princípios da educação progressista e embasados nas teorias crítica de currículo de Saviani (1984), e um de âmbito nacional  pautado na perspectiva construtivista de aprendizagem: o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná (1990), os Parâmetros Curriculares Nacionais(1998), cuja leitura crítica do movimento que embalou o processo de retomada da formulação de um currículo paranaense buscou contrapor aos ideais neoliberais fortemente identificados  nas propostas deste documento curricular nacional, culminando na sistematização e publicação do terceiro documento curricular objeto deste nosso estudo, as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008). Decorrentes de políticas públicas pautadas em opções político-pedagógicas distintas, ora convergentes, ora divergentes, esses documentos tinham como ponto comum, quanto ao ensino de língua portuguesa, a opção pela teoria enunciativa de linguagem derivada dos estudos do Círculo de Bakhtin. Este trabalho objetiva discutir o tratamento dado aos elementos conceituais dessa teoria no processo histórico dos movimento de implantação e reformulação curricular no período mencionado, com ênfase nas discussões que permearam a publicação das Diretrizes Curriculares Estaduais, em suas versões preliminares (2005 e 2006)  e na versão final (2008). Focalizam-se os movimentos de apropriação das teorias bakhtinianas nesses documentos, de modo a compreender como, a partir da opção coletiva dos educadores por tal arcabouço teórico, seus conceitos vão se materializando na escrita do documento, na relação com o contexto histórico e político-pedagógico de sua elaboração.