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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
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O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA: O INDIZÍVEL EM MANOEL DE BARROS

Autores:
Julia Dayane Ribeiro da Costa (UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo analisar o poema O menino que carregava água na peneira, de Manoel de Barros, conhecido como o poeta das coisas sem importância e da poesia sobre nada. O poema, que pertence à fase pós-modernista brasileira, foi publicado no livro Exercícios de ser criança (1999), no qual Manoel leva o leitor ao mundo imaginário e às memórias da infância, fazendo uma reflexão metatextual; além disso, explora a capacidade da palavra de “dizer o indizível”, ao utilizar de uma de suas principais matérias-primas: a “desarrumação” da linguagem. A análise, portanto, tem o intuito de percorrer o “indizível”, como linguagem peculiar do autor, através da imagética fortemente empregada no texto. Para isso, foram explorados os campos semântico e imagético do poema, a tipologia dos versos e o contexto do poema no plano historiográfico e estético no qual está inserido. A pesquisa foi amparada, por conseguinte, nos estudos de Amador Ribeiro Neto (2014), Antônio Cândido (1996) e Norma Goldstein (2005) a respeito da teoria da poesia e análise literária. Os resultados desta pesquisa constatam, principalmente, a criação de imagens no poema que transitam do real para o imaginário, fazendo reconhecer este texto literário como um verdadeiro exercício de vida, que se concretiza com e na linguagem - este elemento profundo pelo qual o ser pensa e se exterioriza a fim de se comunicar. A partir do uso das palavras com o intuito de dar ao poema uma força imagética, Manoel possibilita ao leitor uma sensibilidade e prazer estéticos, assim como provoca a emoção; com sua matéria-prima, o autor traz o pensamento lúdico, o caráter aventureiro da infância, proporcionando ao leitor de todas as idades reflexões sobre si mesmo e sobre o outro.