Tomando como exemplo os sintagmas preposicionais (PP) predicados das orações copulativas do PB, observamos que a seleção de cópula + PP pode culminar em papéis temáticos (ideias semânticas) distintos, a depender da semântica expressa no PP pós-cópula. É relevante salientar, ainda, que, a seleção das cópulas ser/ estar, nesses casos, é fixa, não podendo haver permuta dessas cópulas:
(3) a. A Denise está / *é [PP na praia]. Locativo
b. A Denilda está / *é [PP com os orientandos]. Companhia
(4) a. Essa chave é / *está [PP de ouro]. Matéria
b. Este tapete é / *está [PP da China]. Origem
Apesar de a seleção da cópula neste fenômeno ser fixa no PB, sabemos que, no português arcaico, algumas ideias semânticas, como a de companhia, por exemplo, eram determinadas a partir da junção do PP à cópula seer, como pode ser visto no exemplo (5), retirado de Mattos e Silva (2006, p. 151):
(5) ... e que en outro dia seeriam com ele.
Objetiva-se com este trabalho acompanhar o percurso dos verbos copulativos do PB de Pernambuco. Mais especificamente, pretende-se analisar os contextos sintáticos em que os verbos ser e estar aparecem em cartas oficiais e particulares dos séculos XVIII e XIX, retirados do Projeto Para História do Português Brasileiro (PHPB) da equipe regional de Pernambuco, levando em consideração também as ideias semânticas estabelecidas a partir da junção da cópula com o sintagma predicado (sintagma nominal, preposicional, adjetival e adverbial), como nos exemplos acima. A ideia é investigar se haveria já naquela época as restrições de seleção que existe hoje no PB.