O presente trabalho propõe um estudo da memória oral e do discurso na formação da identidade do Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon, sociedade religiosa, de origem nagô, pertencente à nação Ijexá, consagrada a Oxalá, orixá funfun, o pai da criação, rei da paz e pai do amor para a cosmogonia dos afro-brasileiros. Tem por objetivo caracterizar o Ilê Axé Ijexá enquanto espaço de preservação e transmissão dos saberes afro-descendentes, bem como, identificar como o discurso constrói a noção de identidade desse grupo intitulado nagô. Para tanto, utilizamos o referencial teórico de Fairclough, Halbwachs, Pollak e Stuart Hall. Para tanto, selecionamos 10 (dez) histórias de vida de filhas e filhos dessa comunidade religiosa, com o constituirmos o corpus para análise. Ao final do trabalho, chegamos à conclusão de que nos discursos dos filhos e filhas da referida comunidade religiosa, o sentimento de pertecimento é de tal forma marcante, que nos permite dizer que é ele se sustenta a base da identidade coletiva do grupo, bem como onde se encontra a memória coletiva. Assim, estabelecer entrelaçamentos entre discurso, memória e identidade de grupos religiosos afro-brasileiros como o Ijexá, faz-se necessário para entender como a presença dos elementos africanos deixou suas marcas nas diversas manifestações culturais afro-brasileiras, em especial às do sul da Bahia. Conhecer esses diferentes elementos é conhecer e reconhecer, também, um passado que vive no presente e que é indissociável da realidade brasileira.