Este trabalho aborda a obra “Harry Potter e a Pedra Filosofal” como uma literatura fantástica, conforme os estudos de Todorov (2014). Não obstante, uma literata fantástica é composta de diversos elementos tidos como sobrenaturais, os quais serão objetos de análise no desenvolvimento dessa pesquisa. A proposta é destrinchar minuciosamente esses elementos por meio das similaridades encontradas; da prática comparativa entre a cultura inerente do povo celta – o comportamento histórico, ritos, crenças, lendas – e a mitologia grega – que exerce grande influência de repertório das literaturas fantásticas; e outras influências notórias – como o caso das análises etimológicas. Sabemos que a saga de sete livros de Harry Potter, da autora J.K. Rowling, foi e ainda é um fenômeno mundial, atrativa ao público infantojuvenil, de números impressionantes, sendo, durante muito tempo, um estável best-seller. Em detrimento a essas características, ainda existe um grande conflito à aceitação das obras da autora, no que diz respeito à capacidade literária e competência de reflexão e formação, e julgando-a como um fenômeno efêmero. Na busca de uma resposta a esse conflito problematizador, adentramos ao universo narrativo da obra a fim de elencar motivos evidentes que comprovam a boa qualidade das obras da autora. Objetivamos desvelar sua relevância literária, riqueza cultural e histórica – imprimida por meio da temática da narrativa -, bem como o repertório e embasamento intertextual aos quais a autora recorre. Usamos predominantemente a pesquisa bibliográfica e qualitativa e os recortes teóricos de Bulfinch (2002), Costa (2012), Squire (2003) e Todorov (2014). A partir dos resultados analisados, podemos confirmar a grande diversidade integrada à obra, marcada em todo enredo pela intertextualidade, que propõe ao leitor acesso a múltiplas temáticas, o que sugere uma relevância literária ao texto da autora.