Em 1909, Afonso Henriques de Lima Barreto lançava o livro Recordações do escrivão Isaías Caminha. Em 1910, o escritor recebeu uma carta do renomado crítico literário José Veríssimo, contendo suas impressões acerca do livro. A partir da carta de Veríssimo, investigamos a marginalidade imposta ao autor no contexto de publicação da sua obra. O documento escrito pelo crítico aponta para a forma de avaliação da literatura à época, bem como do que consistia a literatura e de quem poderia ser considerado escritor. Esse documento também nos dá um panorama do período e do contexto de produção. Por meio da Análise do Discurso proposta por Bakhtin, aprofundamos nossa pesquisa, trabalhando em torno do gênero carta e em como esse documento é um instrumento de poder que, não só influencia a produção de Lima Barreto, como a sociedade da época veria seu trabalho e definiria seu futuro literário.
A escolha do tema se justifica devido a nossa inquietação sobre o reconhecimento tardio dado ao autor que, apesar de ter em 2018 reconhecimento como um dos grandes nomes da literatura brasileira, sendo inclusive homenageado no Festival Literário de Paraty (Flip) 2017; em sua época foi respeitado por ser considerado um sujeito honrado, mas teve sua produção literária considerada sem valor.