O DUPLO NA NARRATIVA DA COBRA GRANDE: O ASSASSINATO DO OUTRO E A ANIQUILAÇÃO DO EU | Autores: Walessa Luzia Machado dos Reis (UFPA - Universidade Federal do Pará) |
Resumo: Gêmeos, iguais e opostos, homem e mulher, humano e animal. Os mitos e lendas que contemplam a narrativa da Cobra Grande trazem para o imaginário amazônico uma temática bastante pertinente: o Duplo. Não fortuitamente, esse conceito encontra-se na compreensão da noção de alteridade, presente nos estudos da psicanálise e da literatura. As noções de duplicidade e, portanto, de alteridade aparecem na literatura séculos antes da concepção desses termos. Desde as tragédias gregas, enredos apresentam personagens duplicados e conflitos causados pela relação entre um Eu e seu Outro. As narrativas da Cobra Grande apresentam essa noção, tanto no que Nicole Bravo (2000) chamou de primeira forma do Duplo, os gêmeos, quanto na metamorfose. É, portanto, objetivo deste artigo compreender a relação do Eu com seu Outro e o desdobramento desse Duplo na narrativa “A grande Cobra Norato” presente no volume Bragança conta..., de Simões (2016). Para tanto, o presente trabalho terá como principal aporte teórico o clássico ensaio de Freud Das ‘unheimlich’ (1919) e a obra Los poderes de la ficción (1985), de Victor Bravo que concebe a literatura como espaço Outro, o lugar de encenação da alteridade. Para o autor, a aniquilação do Eu por meio do assassinato do Outro é uma variante magistral do Duplo narrativo, encenada pelo conto William Wilson de Edgar Allan Poe e, também, pela narrativa que se faz objeto deste estudo.
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