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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Políticas públicas internacionais e manuais escolares africanos: diálogo possível?

Autores:
Francisca Izabel Pereira Maciel (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo:

O objetivo dessa comunicação é apresentar resultados de uma pesquisa de pós doutoramento, realizada na Universidade do Minho (2016-2017) sobre manuais escolares de língua portuguesa usados em países africanos. Os manuais analisados são  utilizados nas escolas primárias de São Tomé e Príncipe (África),  foram concebidos e produzidos por professores portugueses, em uma cooperação entre Banco Mundial, Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe e a Fundação Calouste Gulbenkian de Portugal. A língua oficial do país é a língua portuguesa, entretanto os nativos usam dialetos santomenses, incluindo o crioulo. As diferenças entre a língua oficial (português) e os dialetos são constatadas nas dificuldades dos adultos e crianças no aprendizado e nos usos  escolares e sociais  da leitura e escrita. Em STP, apesar de a obrigatoriedade do ensino fundamental descrita na Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 2/2003) ser de seis anos, o país enfrenta muitas dificuldades e descontinuidades nas políticas educacionais, no quadro de formação docente para professores da educação básica, na precária infraestrutura dos prédios escolares, da merenda escolar, dos materiais didáticos e de apoio a professores e alunos. A escassez de  livros e outros utensílios da cultura escrita e, consequentemente, a circulação de impressos na sociedade, evidencia o lugar de destaque que os manuais escolares ocupam na escolarização das crianças e até mesmo de seus familiares. Os manuais  escolares, é para a maioria, o único livro a que eles tem acesso e nos  leva a indagar sobre os impactos dos conteúdos desses manuais na vida dessas crianças e na formação como cidadãs santomenses. Baseados em perspectiva discursiva, histórica e cultural, buscamos identificar concepção de ensino-aprendizagem, os conteúdos privilegiados nos manuais utilizados e a presença/ausência da cultura santomense nos manuais escolares.