Ana Augusta Plácido se constitui, nos manuais e histórias da literatura portuguesa, praticamente como uma adenda do seu segundo cônjuge, Camilo Castelo Branco, ao qual se uniu depois de ter abandonado o seu primeiro marido, Manuel Pinheiro Alves, que instaura um processo de adultério, sendo ambos presos, Ana Plácido e Camilo. O encarceramento inspirou ambos a produzirem as suas principais obras:  Luz Coada por Ferros, de Plácido, e Amor de Perdição, de Castelo Branco –  apesar de um certo biografismo constrói-se, nessas obras, sobretudo, um pacto ficcional, não correspondendo, efetivamente, à veracidade dos fatos. Contudo, é Ana Plácido que vive no esquecimento crítico: com a exceção de trabalhos de Fernanda Cabral e, posteriormente, de Paulo Motta Oliveira, Cláudia Pazos Alonso e Conceição Flores, entre alguns trabalhos esparsos, a vida e, principalmente, a obra de Ana Plácido vem sendo relegada ao esquecimento crítico. Assim, pretendemos apresentar o nosso projeto de pós-doutorado a ser realizado na Universidade de Lisboa, em 2019, através da edição das Obras Completas de Ana Plácido (nunca edita, esparsa em jornais e manuscritos), fazendo o resgate de uma importante escritora do século XIX e demonstrando sua importância para a literatura portuguesa. Apresentaremos os critérios da nossa futura edição, revelando algumas peças ainda inéditas da autora, bem como a organização de todo o material que pretendemos publicar.