O papel da iconicidade e da economia na variação diacrônica do grau de transparência do português brasileiro | Autores: Alessandra Regina Guerra (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: No âmbito das discussões propostas pelo Simpósio “Variação e mudança gramatical na língua em uso”, este trabalho trata da questão da variação diacrônica do grau de transparência linguística do português brasileiro (PB). A transparência é definida como uma relação de um-para-um entre unidades de forma e de significado – conceito equivalente a um tipo de iconicidade, a saber, o isomorfismo. Trabalhos sobre transparência têm assumido que cada língua apresenta um grau de transparência, que é determinado pela quantidade de relações transparentes e não-transparentes que a língua exibe. Nesta comunicação, discuto, particularmente, a variação diacrônica do grau de transparência do sistema de expressão do argumento-sujeito por meio de pronome e por meio de desinência verbal, assumindo que essa variação é causada por três mudanças em curso no PB: aumento da frequência de expressão pronominal do argumento-sujeito, aumento da frequência de uso do pronome “você” em detrimento de “tu”, aumento da frequência de uso da forma “a gente” em prejuízo de “nós”. O quadro teórico adotado consiste em uma articulação entre a Gramática Discursivo-Funcional e a Linguística Funcional Norte-Americana, considerando, no caso desta última, trabalhos sobre motivações comunicativas como a iconicidade e a economia, entendidas como forças que determinam a estrutura da língua e processos de mudança diacrônica. O período analisado se estende da primeira metade do século XIX ao início do século XXI, e o córpus de investigação inclui peças teatrais brasileiras produzidas durante esse período. Os dados discutidos mostram que o grau de transparência do sistema de expressão do argumento-sujeito oscila em torno de um eixo, ora em direção a diminuição, ora em direção a aumento de transparência, não se alterando de forma unidirecional. O objetivo desta comunicação é, então, argumentar que esse resultado decorre de uma influência igualmente relevante das motivações comunicativas de iconicidade e de economia.
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